Tuesday, June 29, 2010

Ah se não fosse a vó.

Sinto saudades da minha vó. Ela foi uma das pessoas mais incríveis que eu já tive o prazer de conhecer.

Artista de mão cheia, ela pintava, esculpia, e fazia arte de todo tipo, inclusive comigo. Ela era minha parceira em tudo, ou eu era parceira dela né. Desde o comecinho da minha vida, a minha vó Nedina tava lá, fazendo tudo pra mim e passando um tempãaao comigo, já que ela era a vó que morava na mesma cidade. Ela dava uma mão e tanto pra minha mãe ficando comigo, e não tão mão assim na parte de me mimar. Ela fazia absolutamente tudo pra mim. Banhos de mangueira, subir em árvores, brincar com o cachorro, ursos enormes de pelúcia, e por ai vai.

Quando eu nasci ela deu um quadro de entalhe em madeira pra minha mãe. Uma mulher segurando um bebê. Tão lindo. Ela também esculpiu em pedra uma mulher grávida. Tudo muito lindo. Amo a arte dela. Ela fez o presépio de barro que a gente usa até hoje no natal. Foi com ela que eu aprendi, ou herdei a engenhosidade. Com ela sempre tinha espaço pra criatividade. Pra dar um jeitinho. Pra aprender com ela, claro, sempre acompanhando a frase “Ah se não fosse a vó!”, que ela falava toda orgulhosa e achada cada vez que participava com alguma informação importante. Dela eu também herdei a teimosia, a persistência, e a força. A ultima, graças a Deus é comum em toda a minha família.

Eu amava as histórias da minha vó. Ela tinha umas 3 ou 4 que eu fazia ela repetir várias e várias vezes durante a nossa convivência. Tinha a história da bezerra, que ela passou perto e irritou a mãe do bicho, que saiu correndo atras dela até ela subir numa árvore e pedir pra uma prima – acho que era prima, a Otília, ou Otílha – berrar, consagrando o fim da história, sempre o mesmo: “Berra Otília!!” pra atrair a mãe da bezerra pra longe e ela poder descer da árvore. Lembrei o resto agora escrevendo. Ela só irritou o bicho porque ela foi num terreno longe na vizinhança das fazendas que ela morava pra roubar melancia do vizinho. Parece que ela fez tudo isso, inclusive a parte da árvore, com a melancia na mão. Genial!

Daí tinha a história do poço, que pra mim era piscina porque ela contou essa história desde quando eu era muito pequena e esse era o jeito que ela achou pra eu entender. Mas ela caiu num poço de verdade, e pela minha vaga lembrança teve que ficar gritando até que um primo achou uma taquara ou algo do genero e botou lá pra ela se agarrar e conseguir subir. Imagino eu agora depois de grande o quanto ela não aprontou nessa vida. Os primos dela eram todos mais velhos, e fumavam. Resultado: ela fumou dos 11 aos 80 e vai anos de idade. Matou um cachorro de efisema pulmonar, mas dizia que o pulmão dela era limpinho limpinho. O cigarro era algo que me irritava nela. Uma vez aos 7 anos por ai (eu acho) eu perguntei pra ela... -Vó, esse cigarro é tão fedorento, tão fumaçado, como tu acha bom?? Ela me deu o cigarro pra eu experimentar. Juro. Me dei umas tossidas e continuei achando aquilo um horror. Quando ela fumava demais perto de mim eu recitava: “O ministério da saúde adverte: evite fumar na presença de crianças.” Acho que nunca funcionou muito.

Ela também era muito fã dum café preto. Como gostava. Tinha SEMPRE, não importava a hora do dia ou da noite, café preto na cafeteira ligada, eternamente ligada, pra qualquer momento do dia ou da noite. Ela me deu café preto desde bem pequena. Misturava no meu leite, eu ouvi dizer. Depois de maiorzinha eu não gostava do gosto do café, até uns 3 anos atrás quando trabalhei num café por aqui e precisava me manter acordada. O engraçado é que ela fazia umas artes assim de dar café pra um nenê escondida da minha mãe. Figurassa. Ela também um dia decidiu que a minha franja tava muito no olho, e passou a tesoura, do jeito dela. Foi a franja mais curta que já se viu, depois que a minha mãe me levou no cabelereiro pra arrumar. Heheh Ela uma vez também fez uma escultura baseada num desenho meu, bem de criança, fiquei sabendo depois, e amei!

A minha vó era uma guerreira muito, muito forte. Eu não consigo nem imaginar como seria perder o filho e o marido num intervalo de 3 meses e continuar vivendo quase que só pra única neta por mais 14 anos! Sou muito feliz de ter podido conviver todo esse tempo com ela e aprender tanto tanto com ela. Era na casa dela que eu tinha um pátio pra jogar bola, era pra Cheila (empregada dela / minha babá) que ela pedia tudo o que a gente tivesse vontade de comer e ela não tava afim de fazer, de ovos fritos a arroz de leite e bolinho de chuva e cuecas viradas...

Ela também estranhamente era absolutamente contra a globo. Ela tinha net e tudo em casa, depois que a net foi inventada, mas ela SÓ assistia Silvio Santos e Gugu Liberato. Nas tvs da casa dela o (canal) cinco reinava frouxo. Só lá uma vez que outra na tarde a Cheila conseguia assistir Discovery channel e canais de esporte.

O carro dela é todo um novo capítulo. Ela tinha um monza, mais velho que eu. 84 acho que era o ano dele. O monza era impecável. Ele saía da garagem 2 vezes por ano: pra ir pra Imbé, onde ela tinha casa, e pra voltar de lá. Todo o resto do ano ele ficava guardadinho na garagem e tapado com 2 colchas de chenille. Uma creme e outra meio verdinha eu acho. Ela também cuidava pra ligar o carro periodicamente. Dentro dele nas viagens pra praia ia ela, a mudança toda, o cachorro Fido, a caturrita Lina, e o taxista, porque ela não dirigia, embora tinha sua carteira em dia desde sempre. Ouvi dizer que a primeira vez que ela pegou um carro, logo depois de tirar a carteira de motorista, se enfiou com o carro embaixo da traseira de um caminhão na primeira sinaleira. Desde lá parece que não pegou mais no volante.

Por outro lado, se tinha uma coisa que ela era boa, isso era o churrasco. Os churrascos da minha vó eram os melhores. Tão bons que os preguiçosos meu pai e meu avô não sabiam nem assar. Eles chamavam a galera e emcomendavam o churrasco pra ela, que fazia toda orgulhosa, e com sal fino. Ela também temperava perú de natal como ninguém, um pra ela e um pra Cheila, que levava pra casa pro seu natal. Na páscoa também ela fazia uma salada de bacalhau bem famosa.

O carteado era outra coisa que corria frouxa com a gente. A gente jogava MUITA canastra. Mas muita. Todos os jogos (ou quase todos) que eu sei de cartas eu aprendi com ela. E toda a prática necessária pra eles. Ela tinha uma toalha especial de carteado, e também aquelas rodelinhas que ajudam a segurar as cartas, o que me facilitava bastante porque a minha mão pequena não conseguia segurar tudo quando eu era nova.

Na casa dela sempre tinha aquelas bolachas de lata, argentinas eu acho, ou algo parecido. Daquelas amanteigadas bem gostosas. Ela gostava de viajar. Ia pra uns lugares perto da fronteira, de fazer compras. Tudo sempre de ônibus. Ela se pelava de medo de avião. Compras era um forte dela. Ela SEMPRE comprava muita coisa em qualquer lugar que ela ia. Na casa dela ela tinha um estoque de presentinhos, pra quando fosse conveniente dar um presente pra alguém, já que ela não saía toda hora e não dirigia, né. Esperta ela. Uma vez a gente foi numa excursão pros lados de Bento eu acho, e todo mundo conhecia “a vó” por compradeira, em todas as paradas ela voltava pro ônibus com uma sacolinha. Numa parada pra comer, onde só tinha um restaurante, todo mundo falou... Ah, agora a vó não vai poder comprar. A velha conseguiu gostar do capeletti do lugar e comprar congelado da cozinha do restaurante. Mais gente do ônibus foi atrás dela e comprou também. A vó era impossível.

Que bom escrever tudo isso. É um jeito de lembrar bem dela. Tenho certeza que tem mais coisas, mais histórias engraçadas, mais frases e coisas dela. Mas por aqui já tá bom. Sou muito feliz de ter convivido tanto e tão intensamente com essa figura teimosa, engraçada e talentosa, e que me deu tanto amor. Sempre com seu coque impecável, que ela amava quando eu fazia, suas unhas postiças também sempre bem cuidadas, tiradas engraçadas e hooooraas pra se arrumar pra qualquer lugar, a minha vó Nedina era demais. Saudades dela misturadas com felicidade de ter ela como minha vó. Espero que ela esteja num lugar bem lindo agora e que ela possa sentir um pouco do meu amor expressado de leve nesse texto. Te amo vó.

Monday, June 21, 2010

Coisas boas e novas

Bom, tenho duas grande novidades que talvez nem todos saibam.
1. Eu agora sou estagiária (pelo menos até agosto, o tempo que dura o programa de estágio)
2. Estou entrando em uma nova escola

1. Comecei um estágio numa rádio muito legal daqui, chamada Jack FM, parte do grupo CBS Radio.
O estágio é com promoções e um monte de coisa bacana acontece por lá, tem bastante oportunidade de crescimento na empresa. Durante o verão acontecem bastante eventos de promoção da rádio pela rua, tenho ido a lugares diferentes divulgar a rádio. Daí além dos eventos na rua tem trabalho de office, onde eu vejo coisas pro site da rádio, e fico por lá pra qualquer coisa que precise.


2. A minha escola nova é bem bonita! Fui lá hoje a primeira vez e já to louca pra começar. Ela é meio longe (como ir até São Leopoldo quando eu tava em porto ainda), mas é cheia de árvores e natureza por tudo, e é linda. Senti uma coisa muito boa quando eu cheguei lá, to empolgada.

To bem feliz com as coisas que tão acontecendo. Fico sempre feliz de estar perto da natureza, mas confesso que não conseguiria ficar num clima selva sem nada dos meus confortos e tecnologia. Amo a natureza, mas amo o meu GPS que me leva até lá e sem eu me perder. Amo os parques, e amo a internet que me deixa pesquisar tudo sobre um lugar antes de chegar lá, mas outra hora escrevo mais sobre isso.